Como comecei ganhando $600 e hoje ganho $60.000 por mês 📈
Minha jornada na tecnologia começou cedo. Aos 7 anos, ganhei meu primeiro computador, um AMD K6–2, em 1998. Meus pais parcelaram em 24 cheques para conseguir comprar, e foi ele que me revelou o quanto eu gostava de ficar em frente à tela. Passei boa parte da minha infância jogando Tibia, Gunbound, Ragnarok e trocando mensagens no MSN. Como filho de uma família humilde, logo veio a pressão para decidir meu futuro e “contribuir” em casa. Escolhi o curso Técnico em Informática, enquanto fazia o ensino médio em Joinville. No entanto, minha vida pessoal era difícil: perdi minha mãe muito cedo, aos 13 anos, por um câncer cerebral. Tinha muitas dúvidas sobre o futuro e me sentia perdido.
Foi no último ano do curso que conheci dois professores que mudaram minha vida, Emerson e Silvio, e descobri o PHP e o Java, me apaixonando por PHP. Sem internet em casa, voltava do SENAI, abria o WAMP e passava horas programando. Meu primeiro projeto foi um e-commerce para uma pet shop, meu Trabalho de Conclusão de Curso. Na época, eu sabia o básico, mas criar algo no meu quarto, em Joinville, me fez perceber que eu podia fazer sistemas para pessoas de qualquer lugar do mundo.
Depois de concluir o curso em 2009, enviei meu primeiro currículo e, com o apoio do professor Silvio, consegui minha primeira entrevista. Celso Ricardo, fundador da Humantech, me deu a oportunidade. Com 17 anos, fui contratado por R$600 mensais, um salário simbólico, mas que me dava acesso à experiência real. A Humantech era uma empresa de gestão do conhecimento e operava em ciclos rápidos de desenvolvimento. Após seis meses, fui efetivado com um salário de R$2.000 e comecei a sentir o que era a vida no escritório: café pela manhã, almoço com os colegas e o prazer de ver o próprio salário no final do mês.
Ao longo dos cinco anos que trabalhei na Humantech, enquanto cursava o Bacharelado em Sistemas de Informação, aprendi muito. Fiz minha primeira certificação em Adobe Flex 4.0 (hoje obsoleta) e trabalhei com tecnologias como PHP e Tornado Web em Python. Aos poucos, fui oferecendo meus serviços para empresas locais, criando sites para dentistas, apps para tablets em restaurantes e catálogos de produtos para empresas como o Grupo Votorantim. Na época, eu cobrava “a preço de banana”, pois ainda não sabia quantificar meu trabalho, mas aprendi muito.
Quando me formei em 2013, já estava ganhando R$4.100 por mês na Humantech. Meu Trabalho de Conclusão foi premiado, e isso me motivou a tentar o mestrado em Computação Aplicada pela UDESC. Mas as aulas teóricas não eram para mim. Após um semestre, decidi focar em projetos práticos e iniciei um contrato com a Coderockr por R$5.000, onde desenvolvi projetos com Angular, Bootstrap e Android.
Insatisfeito com o cenário no Brasil, comecei a aplicar para vagas internacionais. Em 2014, um recrutador me contatou para um processo seletivo em Berlim. Fiz três entrevistas em inglês, muito nervoso, mas passei. Embarquei para a Alemanha com um salário inicial de €35.000 anuais. Esse valor era alto para mim, considerando a cotação do real, mas o custo de vida em Berlim também era alto. Poucos meses depois, a empresa enfrentou dificuldades, e precisei recomeçar. Encontrei uma vaga na Onefootball, com um salário de €54.000 anuais. Era o primeiro grande salto na minha carreira, que me permitiu começar a viver com mais conforto e viajar por lugares como Suécia, EUA e Indonésia.
Depois de quase dois anos, comecei a buscar novas oportunidades e, por meio de contatos, entrei na Simplesurance, com um salário de €69.000 anuais. Lá, trabalhei com Go, PHP e JS, além de tecnologias inovadoras como o gRPC. Um ano e meio depois, surgiu a chance de trabalhar com algo que sempre desejei: jogos. A InnoGames me convidou para trabalhar no backend do jogo Elvenar, e aceitei me mudar para Hamburgo com um salário de €80.000 anuais. Essa experiência me mostrou como PHP e Postgres são escaláveis para atender a milhões de jogadores.
Depois de um ano, senti vontade de voltar para Berlim, onde minha atual esposa morava. Recebi uma oferta da Zalando por €70.000 anuais. Embora fosse menos que eu ganhava antes, queria essa mudança para Berlim e a oportunidade de trabalhar em uma das maiores empresas de moda e e-commerce da Europa. O processo seletivo foi desafiador, incluindo entrevistas com quadro branco no estilo Amazon. Passei dois anos e meio na Zalando, onde aprendi muito sobre operações em grande escala e as dificuldades de avançar em uma hierarquia burocrática.
Em 2021, comecei a buscar outras oportunidades e encontrei a Planet Labs, uma empresa do Vale do Silício, que me ofereceu €83.000 anuais mais opções de ações. Foi a primeira vez que recebi ações e entendi sua importância no total de compensação. Trabalhei na Planet Labs, mas o fuso horário dificultava a comunicação com o time na Califórnia, e comecei a me sentir isolado. Durante o auge da pandemia, em 2022, recebi a proposta mais alta da minha carreira: €140.000 anuais para trabalhar na StreamElements, uma startup de Israel. Esse contrato incluía ações significativas, o que agregou ainda mais valor ao pacote.
Hoje, dois anos depois, estou na StreamElements, com um salário de €157.000 anuais (R$78.000 por mês) e ações avaliadas em até $460.000, que podem se valorizar ainda mais se a empresa tiver sucesso. O que começou como um emprego de R$600 evoluiu para uma carreira sólida e recompensadora, impulsionada por esforço, networking e sorte.
Este resumo é para mostrar que com esforço, ambição, sorte e networking, você pode ir muito além de onde começou. Aqui vão algumas dicas de carreira:
- Networking vale mais que livros como Cracking the Code Interview. As pessoas que cruzarem o seu caminho serão fundamentais para o seu futuro. Se você construir boas relações, isso vai lhe dar uma grande vantagem.
- Ações são mais valiosas do que salário em alguns casos. Quando falamos de engenheiros ganhando R$500 mil anuais, parte do ganho vem da valorização de ações. No começo da carreira, vale considerar startups que oferecem ações.
- Entenda impostos e custo de vida para avaliar seu poder de compra. A mesma remuneração pode ter valores muito diferentes dependendo da cidade onde você vive.
- Prática é tudo. Quanto mais você pratica algo, melhor você fica. Tecnologia é uma área em constante evolução, e a prática e adaptação são essenciais.
- Esteja atento ao timing do mercado. O mercado é cíclico. Se prepare o máximo possível, mas também esteja atento às tendências, para que as empresas vejam você como um bom retorno sobre o investimento.
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